11.05.2025 19H28
O oxigênio da Terra pode acabar, e isso pode acontecer mais cedo do que muitos imaginam. Um estudo recente trouxe novas estimativas sobre quanto tempo ainda resta antes que o nosso planeta perca seu oxigênio atmosférico.
Kazumi Ozaki, cientista ambiental da Universidade de Toho, no Japão, liderou a pesquisa e explicou que, apesar de a vida ainda se desenvolver normalmente atualmente, a atmosfera terrestre deverá passar por mudanças significativas no futuro. Especificamente, ela deverá se tornar rica em metano e pobre em oxigênio. Essa transformação, segundo o estudo, pode ocorrer de forma mais rápida do que se pensava até agora.
Além disso, os pesquisadores apontaram que, mesmo que essa mudança provavelmente só aconteça dentro de 1 bilhão de anos, tudo indica que ela ocorrerá de maneira súbita. Quando isso acontecer, a Terra voltará a ter uma composição atmosférica semelhante à que predominava há cerca de 2,4 bilhões de anos, durante o chamado Grande Evento de Oxidação (GEO).
Por fim, os cientistas destacaram que o oxigênio na atmosfera terrestre não representa uma condição permanente em planetas habitáveis. Essa constatação gera consequências importantes para a astrobiologia, já que muitos pesquisadores utilizam o oxigênio como principal sinal da existência de vida em outros planetas. Portanto, a comunidade científica deverá considerar outros indicadores além do oxigênio ao procurar por bioassinaturas no universo.

O fim da vida na Terra
O artigo foi publicado na revista Nature Geoscience e se baseia em um modelo que combina dados de biogeoquímica e clima. Com esse modelo, os cientistas estimaram quanto tempo o oxigênio ainda poderá permanecer na atmosfera terrestre.
Segundo as projeções, a Terra enfrentará um processo chamado desoxigenação. Esse fenômeno reduzirá drasticamente os níveis de oxigênio atmosférico, até que se tornem semelhantes aos registrados durante a era Arcaica do planeta. E, conforme os pesquisadores destacam, essa transformação deverá ocorrer antes mesmo do surgimento de condições úmidas extremas associadas ao efeito estufa, que por sua vez poderão provocar uma perda significativa da água superficial do planeta.
A principal causa dessa mudança será o aumento gradual da radiação solar. Em outras palavras, à medida que o Sol se tornar mais brilhante, ele acelerará o ciclo de carbonatos e silicatos na Terra. Como resultado, o planeta atingirá uma concentração terminal de dióxido de carbono (CO₂). Logo em seguida, ocorrerá uma rápida queda no oxigênio atmosférico, já que o CO₂ se degrada quando submetido a temperaturas mais elevadas.
Esse momento marcará uma virada decisiva: a Terra deixará de oferecer condições adequadas para a vida humana e para a maioria dos seres vivos que dependem do oxigênio. Além disso, como o fenômeno também afetará as plantas e outros organismos que realizam fotossíntese, a base de quase toda a vida terrestre será comprometida. Diante desse cenário, a humanidade precisará encontrar formas de sobreviver fora do planeta, buscando alternativas em outros ambientes do universo.

Esgotamento de oxigênio antes da evaporação dos oceanos
Anteriormente, os cientistas acreditavam que o “fim do mundo” aconteceria quando a radiação solar aumentasse a ponto de evaporar os oceanos, o que deveria ocorrer dentro de aproximadamente 2 bilhões de anos. No entanto, esse novo modelo — construído a partir de cerca de 400.000 simulações — apresenta uma previsão diferente e mais preocupante. De acordo com os dados, o esgotamento do oxigênio atmosférico deve acontecer bem antes desse cenário, colocando em risco a vida na Terra muito antes do desaparecimento da água.
Os pesquisadores observaram que os níveis de oxigênio poderão cair drasticamente, chegando a valores até um milhão de vezes menores do que os atuais. Com isso, a maior parte da vida como conhecemos se tornaria inviável, abrindo um novo horizonte de preocupação sobre o futuro do planeta.
Além de prever o destino da Terra, o estudo também amplia as possibilidades na busca por planetas habitáveis fora do sistema solar. Segundo os autores, essa nova abordagem ressalta a necessidade de buscar sinais de vida que não dependam exclusivamente da presença de oxigênio. Com isso, o desenvolvimento de futuros telescópios deverá incluir tecnologias capazes de identificar outras bioassinaturas, ampliando significativamente o alcance das investigações astronômicas.
Fonte: IGN
One thought on “O oxigênio na Terra tem uma data de validade e a culpa será do Sol”
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