13.05.2025 22H58
O Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (7), aumentar a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano. Esse novo patamar é o mais elevado dos últimos 18 anos. Diante dessa elevação da Selic, surge uma dúvida importante: o que muda na rentabilidade dos investimentos?
Em primeiro lugar, vale lembrar que a taxa Selic influencia diretamente o desempenho de diversas aplicações financeiras. Isso acontece porque muitos títulos do mercado seguem a variação dessa taxa ou estão diretamente atrelados a ela.
Como resultado desse aumento, os investimentos em renda fixa tendem a se tornar mais atrativos. Eles passam a oferecer um retorno mais elevado, mantendo-se, em muitos casos, acima da inflação e superando com folga a rentabilidade da poupança.
Além disso, de acordo com um levantamento feito pela plataforma Yubb, os principais produtos de renda fixa podem apresentar uma rentabilidade real — ou seja, já descontada a inflação projetada de 5,53% — que varia entre 1,72% e 10,59% nos próximos 12 meses, desde que a Selic permaneça no nível atual de 14,75% ao ano.
Veja abaixo as simulações:
Como ficam os investimentos com a Selic em 14,75% ao ano
Investimento | Rendimento bruto | Rendimento líquido | Inflação | Rendimento real |
Poupança nova* | 7,34% | 7,34% | 5,53% | 1,72% |
Poupança antiga* | 7,34% | 7,34% | 5,53% | 1,72% |
Tesouro SELIC | 14,65% | 11,72% | 5,53% | 5,87% |
CDB banco médio | 16,85% | 13,48% | 5,53% | 7,53% |
CDB banco grande | 10,99% | 8,79% | 5,53% | 3,09% |
LC – Isento IR | 17,58% | 14,06% | 5,53% | 8,09% |
LCA – Isento IR | 14,36% | 14,36% | 5,53% | 8,36% |
LCI- Isento IR | 14,80% | 14,80% | 5,53% | 8,78% |
RDB | 16,99% | 13,60% | 5,53% | 7,64% |
Debênture incentivada – Isento IR | 16,70% | 16,70% | 5,53% | 10,59% |

Renda fixa ainda mais atrativa
Como mostra o quadro acima, quem investir no Tesouro Selic pode esperar uma rentabilidade líquida real — ou seja, já descontando a inflação e o Imposto de Renda — de 5,87% ao ano. Esse resultado é significativamente superior ao da poupança, que deve render apenas 1,72% nos próximos 12 meses.
No caso dos CDBs, o investidor precisa pesquisar bem antes de aplicar. Isso porque a rentabilidade varia bastante de acordo com o banco escolhido. Segundo dados da plataforma Yubb, os ganhos reais anuais podem ficar entre 3,09% e 7,53%, dependendo da instituição e do porte do banco.
Além disso, ao optar por aplicações isentas de Imposto de Renda — como LCI, LCA e debêntures incentivadas — é possível obter um retorno ainda mais atrativo. Nessas opções, a rentabilidade real pode ultrapassar a marca de 10% ao ano.
Por fim, é importante acompanhar as expectativas do mercado. No momento, a projeção é de que a Selic continue subindo e encerre o ano em 15%, o que pode impactar ainda mais os rendimentos dos investimentos em renda fixa.

Dinheiro na Poupança
De acordo com as regras em vigor, a rentabilidade da poupança varia conforme o nível da taxa Selic. Quando essa taxa ultrapassa 8,5% ao ano — como acontece atualmente — a poupança passa a render 0,5% ao mês, acrescida da Taxa Referencial (TR). Nessa situação, o retorno anual chega a aproximadamente 6,17% mais a TR, o que hoje resulta em uma projeção total de 7,16% em 12 meses.
Por outro lado, se a Selic cair para um patamar abaixo de 8,5% ao ano, a fórmula muda. Nesse cenário, a poupança passa a oferecer um rendimento equivalente a 70% da taxa Selic, também somado à TR.
Essa regra foi criada para manter a atratividade da poupança em momentos de juros baixos, mas, com a Selic elevada, ela se torna menos competitiva em comparação com outras aplicações de renda fixa.

Onde investir seu dinheiro?
Com a Selic em alta, os investimentos pós-fixados de curto e médio prazo se tornam mais atraentes.
De acordo com Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital, produtos como CDBs atrelados ao CDI, Tesouro Selic e fundos de renda fixa com ativos pós-fixados são as opções mais vantajosas nesse cenário. Isso porque eles evitam perdas associadas à marcação a mercado e oferecem um retorno mais previsível. Para quem pensa no longo prazo, os títulos indexados ao IPCA também podem ser interessantes, especialmente quando mantidos até o vencimento ou em períodos de inflação elevada.
No entanto, Andressa destaca que a escolha do tipo de investimento deve sempre levar em conta o contexto econômico e o perfil do investidor. “Se o objetivo principal for preservar o capital com boa liquidez, os pós-fixados são a melhor opção. Mas, caso o investidor tenha um horizonte mais longo e queira proteger seu poder de compra, os títulos atrelados à inflação se tornam uma estratégia mais adequada”, explica. Ela ainda reforça a importância de alinhar o prazo de investimento, os objetivos e a tolerância ao risco para fazer a melhor escolha.
Conclusão
Em conclusão, o aumento da taxa Selic para 14,75% ao ano torna os investimentos em renda fixa mais atraentes, oferecendo rentabilidades superiores à poupança e à inflação. Produtos como Tesouro Selic, CDBs e investimentos isentos de Imposto de Renda, como LCI e LCA, prometem bons rendimentos, especialmente para quem busca segurança e previsibilidade. Apesar disso, a escolha do investimento ideal depende do perfil do investidor e de seus objetivos financeiros, com opções mais vantajosas para quem busca curto e médio prazo, e títulos atrelados à inflação para quem tem uma visão de longo prazo. No cenário atual, a rentabilidade da poupança fica abaixo de outras alternativas, tornando-se menos competitiva. Portanto, é crucial avaliar o contexto econômico e alinhar as opções de investimentos com os objetivos pessoais para otimizar os ganhos.
Fonte: istoedinheiro