04.05.2025 14H02
Cientistas fizeram uma descoberta surpreendente ao analisarem o caso de Tim Friede, um mecânico de Wisconsin (EUA) com uma história incomum.
Durante 18 anos, Friede conduziu um experimento extremo e voluntário: injetou mais de 800 doses de veneno de cobras perigosas em seu próprio corpo.
No início, suas atitudes pareciam apenas loucura ou excentricidade. Ainda assim, ele persistiu com seu método arriscado, mesmo diante de críticas e riscos evidentes.
Com o passar do tempo, os resultados chamaram a atenção da comunidade científica. Afinal, o corpo de Friede desenvolveu uma imunidade rara e poderosa.
Graças a isso, seus anticorpos abriram caminho para um feito impressionante: a criação de um antídoto universal contra picadas de cobra.

Como começou o desenvolvimento do antídoto
Tudo começou quando Friede desenvolveu imunidade às toxinas de algumas das serpentes mais perigosas do mundo, incluindo a mamba-negra, a taipan-costeira e a cobra-real. Graças a essa resistência, ele produziu anticorpos raros e extremamente valiosos.
Em seguida, uma equipe de cientistas coletou esses anticorpos e, logo depois, iniciou testes em camundongos. Durante os experimentos, eles combinaram os anticorpos com uma molécula inibidora chamada varespladibe. Essa combinação protegeu os animais contra o veneno de 13 das 19 espécies de cobras testadas. Além disso, o coquetel ofereceu proteção parcial contra as toxinas das demais espécies.

Atualmente, os pesquisadores trabalham em uma nova etapa do estudo. Eles investigam a possibilidade de incluir um quarto componente na fórmula, com a intenção de alcançar uma proteção ainda mais ampla — e, quem sabe, completa.
Por fim, é importante reforçar algo essencial: apesar dessa conquista impressionante, ninguém deveria tentar seguir o exemplo de Friede.

Antídoto em humanos
Se os testes em humanos forem bem-sucedidos, esse antídoto poderá substituir os atuais tratamentos altamente específicos e caros, trazendo enormes benefícios para países como a Índia, onde existem dezenas de espécies venenosas.
Além da eficácia, o uso de anticorpos humanos como os de Friede pode evitar reações adversas causadas por antivenenos feitos com anticorpos de animais, como cavalos.
A equipe estuda a criação de um único coquetel pan-antídoto, ou duas versões distintas: uma para as cobras da família dos elapídeos e outra para os viperídeos, dependendo da região do mundo.
Um estudo sobre o antídoto foi publicado na revista Cell.